Sejam bem vindos!

Aqui, gostamos de falar sobre histórias que deram certo... Histórias de superação das dificuldades, das deficiências, dos obstáculos... Se aprender é para todos, precisamos descobrir caminhos que abram as portas para o aprendizado... Sejam bem-vindos!





























quarta-feira, 14 de novembro de 2012


Superproteção!

                Novamente me coloco a escrever sobre o universo infantil, sabendo que muito do que somos hoje enquanto adultos, tem relação direta com o que vivemos e experimentamos em nossos primeiros anos de vida. Vale a reflexão para que todos nós estejamos mais atentos a algumas manifestações das crianças, como sintomas de algo que não vai bem em seu desenvolvimento.

                Dificuldade para realizar atividades que a maioria das crianças da sua idade já fazem sozinhas; medo de enfrentar situações diferentes daquelas às quais está corriqueiramente acostumada; falta de iniciativa; atrasos no desenvolvimento geral. Essas são algumas das manifestações que podem aparecer quando a criança é superprotegida por seus pais.

                Com o intuito de bem educar um filho, alguns pais pecam pelo excesso de cuidados, privando-o de todos possíveis perigos. Assim, acabam fragilizando o pequeno ser que, dessa forma, não tem a possibilidade de aprender como se comportar, como agir diante das mais diversas situações pelas quais passa em seu dia a dia.

                Entre os motivos que levam alguns pais a exagerarem nos cuidados com seus filhos, está a culpa por terem pouco tempo no dia a dia para ficar com os mesmos. Então, nesse pouco tempo em que estão juntos acreditam que é necessário zelar totalmente pelo bem estar da criança. Nada poderá lhes faltar. Tudo deverá ser ofertado. Todos os desejos deverão ser realizados.

                Então, ainda na escola de educação infantil terão que passar por duras provas quando descobrirem que as coisas não acontecem única e exclusivamente a partir dos seus desejos. E terão de aprender a se virar e fazer as coisas por si só, pois a mamãe e o papai não estarão ali (ainda bem) para fazer por eles.

                E que bom que muitas crianças têm a possibilidade de encontrar na escola um jeito diferente de lidar com as situações, assim como os pais também podem encontrar suporte com os profissionais que ali estão, pois quantos não são os adultos que, por N motivos, seguem com aquelas dificuldades que elenquei inicialmente no texto?

                Para finalizar, gostaria de dizer que apesar de ainda não ser mãe, tenho certeza de que não deve ser lá muito fácil saber dosar o quanto de proteção, o quanto de limites, o quanto de estímulos é o ideal para que um filho tenha um desenvolvimento sadio. Mas também tenho convicção de que sempre teremos por perto pessoas que podem nos ajudar a encontrar o equilíbrio. Basta estar disposto para aprender!

Laura Cristina Nardi Callegari - Psicopedagoga

E AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, ONDE ESTÃO?

 

                Organizada pela Comissão da Política Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência aconteceu em Farroupilha, de 21 a 28 de agosto, a Semana das Pessoas com deficiência, com o tema: “Em busca de igualdade. Estamos aqui!”.

                O tema por si só já nos diz muito sobre a situação em que se encontra a grande parcela da população que possui algum tipo de deficiência, seja ela física, intelectual, auditiva ou visual. À margem da sociedade alguns tentam fazer parte dos mesmos círculos sociais que nós (pessoas sem deficiências mais aparentes).  Outros, desencorajados, já não tentam mais, ficam literalmente isolados.

                No isolamento, dentro de suas próprias casas, e sem ocuparem funções sociais que lhes permitam sentirem-se úteis no seu dia a dia, começam a desenvolver doenças mentais que agravam ainda mais a sua situação de possível inclusão na sociedade. Surgem então atitudes estranhas e bizarras e as pessoas a sua volta acreditam que isso acontece devido a sua deficiência, como sendo algo normal, já esperado.

                Não, isso não é normal e nenhuma deficiência irá desencadear comportamentos estranhos simplesmente pela deficiência. O contexto social, o ambiente onde esse sujeito vive irá definir como será seu desenvolvimento, como serão suas atitudes, exatamente como acontece com todas as outras pessoas. Afinal, quando falamos de pessoas com deficiência, estamos falando de seres humanos que se desenvolvem pela mesma lógica que os da mesma espécie.

                Logo, o que essas pessoas com deficiência precisam para manterem-se saudáveis mentalmente é de atividades, ocupação, lazer, trabalho, como todos nós. Experimentem vocês ficarem dentro de casa por meses a fio, sem exercer atividades laborais, sem precisar se ocupar com atividades domésticas, sem necessitar sair de casa para fazer compras, fazer pagamentos, se divertir com amigos.

                Vocês já devem estar concluindo: “eu iria enlouquecer”. Pois é isso mesmo que acontece com aquelas pessoas com deficiência que ficam encerradas em suas próprias casas. A loucura aparece, porque nossa mente precisa estar em constante funcionamento para se manter saudável. Doenças fisiológicas também podem surgir, porque o corpo também pede atividades e uma mente feliz.

                Mas e diante dessa situação, o que nós podemos fazer? Penso que podemos fazer a nossa parte, disseminando a ideia de que as pessoas com deficiência não podem mais ficar ociosas, precisam sair de casa, trabalhar, fazer comprar, se divertir e fazer tudo o que todos nós fazemos.

                Vale aqui para finalizar uma dica bem importante: quando você encontrar por aí uma pessoa com deficiência, pense três vezes antes de perguntar a sua família o que ela tem, porque ela está assim, pois isso cansa e faz com que muitas famílias não saiam de casa com seus filhos para não terem que passar por essas situações. E chamá-los de coitadinhos: NEM PENSAR! Uma pessoa com deficiência pode ser tão ou mais feliz que qualquer um de nós: basta que ela tenha o direito de se sentir parte de um mundo que é para todos. Pense sobre isso.

               
Laura Cristina Nardi Callegari - Psicopedagoga

               

 

PRIMEIROS ANOS DE VIDA: SINAIS DE ALERTA

 

                Como é bom poder acompanhar o desenvolvimento de uma criança que aos poucos vai conquistando novos aprendizados e encantando seus familiares com suas proezas desde muito cedo. O início do engatinhar, as brincadeiras, as primeiras palavras, os primeiros passos. Porém, algumas crianças podem apresentar alguns atrasos em seu desenvolvimento que merecem uma atenção especial.

                Por exemplo: com 1 ano de idade a criança ainda não caminha, não pronuncia nenhuma palavra, apresenta um choro excessivo, pouco interage com brinquedos e demonstra-se agitada ou muito apática. Sinal de que algo não vai bem e de que a mesma está precisando de ajuda para poder se apropriar dos mesmos aprendizados que as outras crianças da sua idade.

                O mais indicado para esses casos de atrasos no desenvolvimento é que a família procure o quanto antes o auxílio de um especialista e que não se conforme com a ideia de que é cedo e que com o tempo a criança irá aprender. Se ela não está progredindo é porque precisa de ajuda e não porque é preguiçosa. E com 1 ano de idade já é possível sim buscar um atendimento clínico.

                O trabalho realizado em clínica com bebês e crianças pequenas (até 3 anos de idade) que apresentam atrasos no desenvolvimento, denominado estimulação precoce, tem como objetivo favorecer o desenvolvimento dos aspectos instrumentais (a linguagem, a psicomotricidade, o brincar, a socialização, a aprendizagem, os hábitos da vida diária) e estruturais (o orgânico, o psíquico e cognitivo). Ou seja, a criança é atendida como um todo, por um único profissional.

                As sessões de atendimento acontecem com o terapeuta, a criança e a mãe e é através do brincar que a criança terá a possibilidade de se descobrir como um sujeito capaz de superar suas primeiras dificuldades, enquanto a mãe terá também um lugar de escuta,  amparo e orientação com relação as suas dúvidas e angústias.

                Quando uma criança pequena tem a possibilidade de receber ajuda, o mais precocemente possível, terá menos chances de apresentar dificuldades de aprendizagem no período escolar (momento em que as exigências serão maiores em decorrência da aquisição da leitura e escrita), pois os obstáculos que dificultam o progresso do seu aprendizado poderão ser superados ou então atenuados.

                Mas quando se trata de crianças pequenas, muitas vezes as famílias esperam que as dificuldades desapareçam com o passar do tempo e em muitos casos o que acontece é que os problemas acabam agravando-se. O que poderia ser solucionado precocemente ou amenizado se transforma em dificuldade permanente.

                Então, quando alguns sinais de alerta surgirem no desenvolvimento de uma criança, que possamos estar atentos e levar a sério o que está se apresentando. E antes de julgar que seja apenas uma dificuldade passageira, que se busque uma avaliação com um profissional capacitado a fim de assegurar essa condição ou, se for o caso, trabalhar com o que não está bem e assim permitir que a criança siga seu percurso de forma mais saudável e feliz.

Laura Cristina Nardi Callegari - Psicopedagoga
 

               

 

 

PRIMEIROS ANOS DE VIDA: SINAIS DE ALERTA

 

                Como é bom poder acompanhar o desenvolvimento de uma criança que aos poucos vai conquistando novos aprendizados e encantando seus familiares com suas proezas desde muito cedo. O início do engatinhar, as brincadeiras, as primeiras palavras, os primeiros passos. Porém, algumas crianças podem apresentar alguns atrasos em seu desenvolvimento que merecem uma atenção especial.

                Por exemplo: com 1 ano de idade a criança ainda não caminha, não pronuncia nenhuma palavra, apresenta um choro excessivo, pouco interage com brinquedos e demonstra-se agitada ou muito apática. Sinal de que algo não vai bem e de que a mesma está precisando de ajuda para poder se apropriar dos mesmos aprendizados que as outras crianças da sua idade.

                O mais indicado para esses casos de atrasos no desenvolvimento é que a família procure o quanto antes o auxílio de um especialista e que não se conforme com a ideia de que é cedo e que com o tempo a criança irá aprender. Se ela não está progredindo é porque precisa de ajuda e não porque é preguiçosa. E com 1 ano de idade já é possível sim buscar um atendimento clínico.

                O trabalho realizado em clínica com bebês e crianças pequenas (até 3 anos de idade) que apresentam atrasos no desenvolvimento, denominado estimulação precoce, tem como objetivo favorecer o desenvolvimento dos aspectos instrumentais (a linguagem, a psicomotricidade, o brincar, a socialização, a aprendizagem, os hábitos da vida diária) e estruturais (o orgânico, o psíquico e cognitivo). Ou seja, a criança é atendida como um todo, por um único profissional.

                As sessões de atendimento acontecem com o terapeuta, a criança e a mãe e é através do brincar que a criança terá a possibilidade de se descobrir como um sujeito capaz de superar suas primeiras dificuldades, enquanto a mãe terá também um lugar de escuta,  amparo e orientação com relação as suas dúvidas e angústias.

                Quando uma criança pequena tem a possibilidade de receber ajuda, o mais precocemente possível, terá menos chances de apresentar dificuldades de aprendizagem no período escolar (momento em que as exigências serão maiores em decorrência da aquisição da leitura e escrita), pois os obstáculos que dificultam o progresso do seu aprendizado poderão ser superados ou então atenuados.

                Mas quando se trata de crianças pequenas, muitas vezes as famílias esperam que as dificuldades desapareçam com o passar do tempo e em muitos casos o que acontece é que os problemas acabam agravando-se. O que poderia ser solucionado precocemente ou amenizado se transforma em dificuldade permanente.

                Então, quando alguns sinais de alerta surgirem no desenvolvimento de uma criança, que possamos estar atentos e levar a sério o que está se apresentando. E antes de julgar que seja apenas uma dificuldade passageira, que se busque uma avaliação com um profissional capacitado a fim de assegurar essa condição ou, se for o caso, trabalhar com o que não está bem e assim permitir que a criança siga seu percurso de forma mais saudável e feliz.

Laura Cristina Nardi Callegari - Psicopedagoga
 

               

 

Criança estressada?

               

                Capa da revista ISTOÉ dessa semana, o tema vem despertando interesse em pesquisadores da área da neurociência e comportamento. O motivo disso tudo: um grande número de crianças apresentando sintomas de um mal que até pouco tempo atrás pertencia apenas ao universo adulto. Aqui vamos abordar um pouco dos possíveis porquês de uma criança não poder gozar de uma infância saudável e feliz.

                Em pesquisa desenvolvida com crianças de 7 a 12 anos de idade pela International Stress Management Association do Brasil concluiu-se “que oito a cada dez casos em que os pais buscam ajuda profissional para seus filhos por causa de alterações de comportamento têm sua origem no estresse”. Nesse estudo são elencadas por ordem de relevância as causas do estresse infantil, os quais seguem: crítica e a desaprovação dos pais; excesso de atividades; o bullying e os conflitos familiares.

                Trazendo a pesquisa para a minha área de atuação, cabe dizer que nós educadores bem sabemos que a infância é o momento da criança experimentar, através da brincadeira, do lúdico, suas primeiras aprendizagens. Momento de criar, inventar, descobrir como as coisas funcionam, errar bastante para depois tentar acertar. Mas isso só é possível se a criança tiver tempo para ser criança, ou melhor, se sua família lhe permitir isso.

                O que temos observado em muitos casos é que na ânsia de querer preparar seus filhos para o competitivo mercado de trabalho, alguns pais têm exagerado nas cobranças direcionadas aos pequenos. Pequenos esses que acabam tendo que lidar com situações do mundo adulto, sem ter condições neurológicas e emocionais para dar conta do recado.

                Crianças hiperestimuladas sem tempo para brincar livremente, pois suas agendas nãos as permitem: inglês, natação, informática, balé, escola, etc. Não satisfeitos alguns pais ainda exigem que sejam exímias em todas as áreas nas quais estão tendo atividades (não basta participar, tem que ser o melhor em tudo). Então está feito o desastre. O que era para ser bom se transforma em um monstro que a criança não consegue domar e tão precocemente necessitará da ajuda de profissionais.

                Vejam o que somos capazes de fazer quando agimos sem muito pensar nas consequências. É claro que nem um pai e nem um mãe quer o pior para seus filhos (é exatamente o contrário). Mas em se tratando de crianças, precisamos ter consciência de que são pequenas no tamanho e também são pequenas na sua maturação como um todo, logo não podem ter exigências e atividades que pertençam aos adultos.

                E para finalizar a nossa reflexão e para que também isso nos ajude a tomarmos decisões um pouco mais ponderadas e equilibradas (pois sempre o equilíbrio deve prevalecer) gostaria apenas de lembrar que o mercado de trabalho atual necessita muito mais de pessoas felizes, pessoas com capacidade de transformar os momentos de crise em momentos de produção criativa, pessoas com espírito de liderança e que consigam trabalhar em equipe.

                Posso lhes afirmar que essas características todas podem ser muito bem trabalhadas, no brincar, desde a mais tenra idade, sempre respeitando a individualidade de cada criança, sendo que cada uma vai respondendo aos estímulos positivos que for tento a partir das suas condições, a partir da sua realidade. E para saber se o que estamos oferecendo está na medida certa para a criança, basta observá-la: se ela está feliz é porque é por aí mesmo o caminho.

Laura Cristina Nardi Callegari - Psicopedagoga 

 

               

Limites na medida certa

                Por que será que nos dias de hoje muitos pais têm tanta dificuldade para dizer  “não” a seus filhos? Seria talvez pelo fato de querer ofertar aos mesmos tudo o que não tiveram possibilidade de ter? Ou poderíamos pensar que para alguns pais a culpa de não poder estar por mais tempo com seus filhos (devido aos afazeres laborais), os torna totalmente permissivos?

                As duas hipóteses se confirmam em muitos casos e precisamos pensar sobre isso, pois sabendo que um ser humano somente se desenvolverá de forma saudável se tiver a oportunidade de experimentar algumas frustrações em seu caminho, não podemos mais fazer de conta de que educar desta forma “está tudo bem”.

                Crianças sendo tratadas como reis e rainhas, onde seus desejos são prontamente atendidos. Pais sem tempo e disposição para ditarem as regras da casa acabam permitindo que essas crianças “mandem e desmandem” como bem diz o dito popular.

                O “não”, o limite, o direcionamento são totalmente necessários na vida da criança, para que dessa forma consiga progressivamente  atingir um nível de maturidade emocional que lhe permita compreender que na vida nem tudo vai acontecer da forma como espera e nem no momento exato que deseja.

                Costumo dizer que tudo o que se ensina a uma criança, ela aprende. Se ela obtiver ensinamentos do que pode e o que não pode fazer, terá muito mais chances de se tornar uma criança feliz, saudável e um futuro adulto bem resolvido, que conseguirá lidar melhor com as situações de frustação que fazem parte da vida.

                Caso não tenha a sorte de ter conhecido enquanto criança esses ensinamentos, porque seus pais julgaram desnecessários ou sem importância, aprenderá que pode comportar-se do jeito que considerar mais conveniente para o que deseja, inclusive podendo entender que “tudo bem” se ela trapacear um colega na escola, “tudo bem” se ela “pegar” o lanche que não é seu, “tudo bem” se ela agrediu um coleguinha porque ele não fez o que ela queria.

                Guardadas as proporções do universo infantil, consequentemente podemos pensar que esses pequenos delitos e maus comportamentos se transformem em atos violentos e de vandalismo em um futuro bem próximo, já no mundo adulto. Roubar, matar, enganar podem ser atos facilmente praticados por quem não aprendeu o que é certo e o que é errado.

                Isso assusta? E é para assustar mesmo, pois não podemos mais permitir que crianças sejam tratadas como capazes de prover suas próprias necessidades de desenvolvimento, tendo assim o poder de decisão. Crianças necessitam de adultos que lhes direcionem, que lhes digam o que é bom e o que não é.

                Assim podemos pensar que a permissividade nos remete ao abandono a omissão de cuidados. Já o estabelecimento de regras e limites nos lembra amor e cuidado com o outro.  Se você ama seu filho, esteja mais atento ao que se passa com ele, pois o que pode parecer apenas uma atitude sem muita importância poderá vir a ser a instalação de um comportamento totalmente inadequado perante a sociedade e a exclusão será o caminho mais certo para esse sujeito.

Laura Cristina Nardi Callegari - Psicopedagoga

ATENÇÃO COM OS EXCESSOS!

                Não é novidade para ninguém que tudo o que utilizamos em excesso é prejudicial. Beber um pouquinho em eventos sociais, tudo bem. Ingerir bebida alcoólica todos os dias é excesso. Comer um delicioso churrasco com um pouquinho daquela gordurinha que dá aquele sabor especial, de vez em quando, tudo bem. Alimentar-se diariamente com pratos muito calóricos é excesso e logo, logo, nossa saúde pagará o preço disso.

                Sou fã da internet em função de todas as facilidades e novas possibilidades que ela é capaz de nos proporcionar: conversar com maior frequência com pessoas que estão distantes, encontrar pessoas que há muito tempo não encontramos, preparar uma aula diferente com recursos tecnológicos disponibilizados na rede, etc.

                 Não tenho dúvidas de que a internet veio para ajudar. Porém, como tudo na vida, a utilização da internet deve ser dosada, comedida, principalmente em se tratando de crianças. Sabe-se que hoje em dia muitas crianças passam boa parte do tempo que estão em casa, em frente ao computador, jogando vídeo game e acessando os mais diversos sites.

                Em recente entrevista concedida ao Jornal Zero Hora a Neurocientista britânica Susan Greenfield afirmou que “internet em excesso pode fazer o cérebro regredir”. Ressaltou também que o cérebro de uma criança e de um adolescente são muito sensíveis e por isso se tornam vulneráveis ao ambiente externo.

                Susan ainda relatou que uma criança ou adolescente que ficam expostos por muito tempo a jogos podem ser acometidos pela supressão neurastênica (debilidade) de uma parte do cérebro que ainda está em desenvolvimento. “A consequência principal seria uma espécie de síndrome da falta de atenção. O sintoma mais comum é não ser capaz de se concentrar em uma coisa só e não ser capaz de viver no aqui e agora” (ZH).

                Após ler essas colocações, lembrei-me dos inúmeros casos de crianças que estão recebendo o famoso diagnóstico de “hiperatividade e déficit de atenção” e sendo medicadas com uma química que as coloca à força em posição de quietude e prontidão.

                Talvez poderíamos pensar que, quando falha a palavra adulta que diz o que pode e o que não pode e que desta forma dá um direcionamento a um pequeno ser que não vem pronto e precisa sim que lhes digam como as coisas funcionam; que quando falta a presença de um adulto que está disposto a servir como modelo, mostrando a criança que na vida há tempo para tudo inclusive para “estar junto” de quem se ama, então a “ritalina” seria necessária?

                Essas não são afirmações. São apenas indagações para que juntos possamos atentar para o que está sendo imposto de certa forma em nossa sociedade atual. Não podemos aceitar a tudo de forma acrítica. Não podemos cruzar os braços diante de uma realidade que não é natural. Natural é uma criança poder brincar e ser feliz em companhia das pessoas que ama e não ser rotulada como portadora de uma doença da qual somente um remédio poderá ajudá-la.

                Faço então um convite: vamos repensar em nosso dia a dia e verificar onde estão nossos excessos. Vamos analisar com atenção por quanto tempo nossas crianças estão sendo deixadas em frente ao computador, sem orientação, sem direcionamento. Vamos cuidar para que menos crianças precisem apresentar sintomas de “desatenção”. Vamos criar seres humanos mais inteligentes, conscientes, felizes e seguros.

Laura Cristina Nardi Callegari
Psicopedagoga
               

 

A adoção pelo coração!

A adoção sempre foi um tema que me chamou atenção por tudo o que se fala a respeito e que muitas vezes não condiz com a realidade de fato. Já fui professora de crianças que foram acolhidas por famílias adotivas e conheci duas situações: a daquelas que sabiam da sua verdadeira história de vida e também de outras que não sabiam.

E entre essas vivências fui aprendendo e comprovando na prática que todos nós temos direito a conhecer nossa origem, mesmo que a realidade seja mais dura do que gostaríamos que fosse. Também aprendi que não necessariamente uma criança adotada vai ser revoltada (e essa é uma ideia do senso comum). A forma como ela vai se desenvolvendo e a personalidade que ela irá construindo vai depender muito da maneira como for educada.

Já conversei com alguns pais de crianças adotivas, os quais não queriam contar a verdade ao filho com receio de que quando fosse maior esse filho os rejeitasse e escolhesse os pais biológicos para poderem conviver. Será possível isso? E todo o vínculo criado durante anos de cuidados, proteção, carinho, educação?

Outro preconceito que percebo, em muitos casos, com relação ao filho adotivo, tanto por parte dos pais que o adotam quanto pela sociedade em geral, refere-se ao sentimento de pena para com eles, como se os mesmos precisassem ser recompensados de alguma forma por terem sido rejeitados em um primeiro momento.

 Aí acompanhamos alguns casos de falta de limites, falta de respeito com os pais pois a esses filhos tudo é permitido. Não existem privações, sendo que a frustração (o não poder ter tudo na hora em que se deseja) é totalmente necessária para a construção de um desenvolvimento infantil saudável.

Mas pensem comigo: quantas não são as crianças que nascem e que não são bem vindas por suas famílias? (sim, bem sabemos que muitas crianças são geradas meio que sem querer e quando chegam ao mundo não são acolhidas como poderiam). Dessa forma, mesmo que vivam o resto de suas vidas com a família biológica, se sentirão rejeitadas.

E quantos não são os casais que querem, desejam de verdade ter um filho e por algum motivo não o podem tê-lo e através da adoção conseguem realizar esse sonho? Geralmente são casais que se preparam para serem pais, que se organizam para tal e quando a criança chega, sentem-se em condições emocionais para recebê-la. Como vocês acham que se sente uma criança que sai de uma situação de rejeição (quando é negada pela família biológica) para chegar a uma família que a espera ansiosa para poder lhe ofertar afeto, amparo, educação? Com certeza, se sente no mínimo feliz.

Também já escutei de alguns pais adotivos uma certa preocupação com relação a herança genética deixada pelos pais biológicos da criança, no que diz respeito a formação do caráter e da personalidade. Pesquisas científicas comprovam que o meio ambiente tem muito mais força do que a genética e isso quer dizer que a propensão dessa criança adotada desenvolver uma patologia vai depender muito mais dos estímulos ambientais recebidos no seu cotidiano familiar do que com a própria genética.

Penso que isso tudo, sejam boas notícias, pois ter a certeza de que nada está totalmente dado com o nascimento e ter a possibilidade de mudar de rumo é algo inacreditavelmente lindo.

Laura Cristina Nardi Callegari

Pedagoga, Psicopedagoga, Mestre em Educação

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Hiperatividade: algumas reflexões...



Faz muito barulho, fica remexendo mãos e pés; não fica sentada por muito tempo; pula ou corre excessivamente; muito agitada; fala demais; responde a perguntas antes de ser perguntada; dificuldade de esperar. Esses são alguns dos sintomas das muitas crianças diagnosticadas como hiperativas.

                Com o diagnóstico em mãos, o que resta na grande maioria dos casos é recorrer à medicação. O número de crianças medicadas com Ritalina (o remédio mais utilizado para o diagnóstico de Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade) é alarmante. O que não se está levando em consideração são os efeitos colaterais que tais substâncias químicas provocam no desenvolvimento das crianças.

                Entre tantos outros efeitos colaterais seguem alguns descritos na própria bula da Ritalina: diminuição de apetite; distúrbios do sistema imunológico; psicose tóxica (algumas vezes com alucinações visuais e táteis); cefaléia, sonolência, tontura; dificuldades de acomodação da visão e visão embaçada; taquicardia, palpitação, arritmias, alterações da pressão arterial e do ritmo cardíaco (geralmente aumentado); leve retardamento do crescimento durante o uso prolongado em crianças entre outros.

                Aqui gostaria de alertar aqueles pais que acabam utilizando o diagnóstico de hiperatividade, para encher seus filhos de remédios e mantê-los, assim, mais sossegados. Não é por nada que a Ritalina foi batizada como a “droga da obediência”. Segundo a Psicóloga Marise Corrêa Neto, é comum os pais solicitarem aos médicos que aumentem a dose da medicação ou não interrompam nas férias, sendo que a mesma deve ser administrada com muita cautela e apenas em alguns períodos (quando de fato for constatada a necessidade).

                Precisamos estar mais atentos aos comportamentos das crianças, os quais nos indicam se o seu desenvolvimento está acontecendo de forma saudável ou não. Se uma criança está muito quietinha ou ao contrário muito agitada é sinal de que algo não está bem. Devemos então nos perguntar: o que esse comportamento quer dizer? o que essa criança está querendo nos mostrar com essa agitação toda?

                Porém, quando se utilizam medicamentos para abafar tais sintomas, a criança se apaga (literalmente) e dessa forma ficam adormecidos os comportamentos que poderíamos interpretar e traduzir em ações que as ajudassem a aprender a lidar com as situações do dia a dia que lhe parecem difíceis.

                Uma dica: ao invés da medicação, vamos procurar ajuda de profissionais capacitados, onde através de terapias, possam de fato ajudar essas crianças e também suas famílias (que tanto precisam de orientação).  E quando essas dificuldades aparecerem no ambiente escolar, o Psicopedagogo fará muito bem esse papel.

                Para finalizar, deixo a fala de Alícia Fernandez, renomada Psicopedagoga Argentina que nos remete à reflexão: “A sociedade globalizada desatende a todos e coloca como doença o que as crianças ainda podem denunciar com sua inquietude e falta de atenção. As crianças perguntam, são perguntas. As perguntas não escutadas derivam sintomas. Como escutar suas perguntas antes de medicá-las? O que sucedeu para que uma quantidade de mães e pais de crianças aceitem e solicitem drogas para acalmar  seus filhos ou para que sejam exitosos?”


Laura Cristina Nardi Callegari
Psicopedagoga

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Buscando ajuda....



Quando observamos que uma criança pequena está apresentando dificuldades em seu desenvolvimento, como por exemplo, atraso para caminhar ou atraso para falar, devemos ficar atentos, pois estes são os primeiros sinais de que algo não vai bem. Assumir que algo não vai bem não é muito fácil, sendo que por trás dessa afirmação vem toda uma ideia de que então os pais falharam na educação que forneceram aos seus filhos. Não gosto de pensar por este raciocínio, sabendo que aprendemos a ser pai e mãe com nossos próprios genitores, logo, num primeiro momento iremos seguir o modelo de pai e mãe que tivemos. Mas e será que foi um modelo ideal? Quando criança, meus pais me possibilitavam diversas oportunidades de aprendizado, me incentivavam a ser mais autônomo, me estimulavam para que meu desenvolvimento fosse saudável? Pois nem sempre foram essas as experiências que tivemos em nossa infância e possivelmente é o que conseguiremos repassar para nossos filhos, a não ser que nos propusermos a nos analisar (fazendo terapia mesmo) e assim encontrar outros caminhos para seguir (que não sejam necessariamente o mesmo que os pais escolheram) ou então contarmos com a ajuda de profissionais que nos auxiliam a compreender os acontecimentos do universo infantil. Mas a boa notícia é que depois que for detectada e assumida a dificuldade apresentada pela criança, sempre se terá o que fazer para que a mesma consiga superar os obstáculos e então progredir, se ela tiver a ajuda necessária. Não existem pais bons ou pais ruins. Não tem porque existir essa denominação. Existem sim pais que se preocupam de fato com seus filhos e conseguem buscar ajuda quando reconhecem que também precisam de apoio.

Laura Cristina Nardi Callegari

Síndrome de down


Hoje falaremos sobre o que é a síndrome de down. A síndrome de Down é uma anomalia genética caracterizada pela existência de um cromossomo adicional no par 21.

A suspeita do diagnóstico muitas vezes pode ser constatada ao nascimento através de algumas características físicas: bebês menores, olhos amendoados e distantes um do outro, prega epicântica (característica comum dos orientais), braços e pernas mais curtos, orelhas abaixo do normal, nariz pequeno, mãos menores (1 prega), pés (distância entre primeiro e segundo dedo), entre outras. Muitos recém nascidos podem ter essas características e não possuir síndrome de down. O diagnóstico preciso é feito através de um estudo cromossômico a partir do qual se obtém o cariótipo que pode ser considerado como a carteira de identidade genética de uma pessoa. Apesar de as pessoas com síndrome de down possuírem características físicas semelhantes, o comportamento e o desenvolvimento são muito particulares em cada caso, sendo que os mesmos dependem muito da influência do meio em que vivem. Maria Sylvia Cardoso Carneiro desenvolveu sua tese de Doutorado em 2007 na UFRGS, analisando a trajetória de vida de três sujeitos adultos com síndrome de down que não se constituíram com deficiência mental. A pesquisadora constata que a partir das interações sociais é possível superar limites que antes se acreditavam intransponíveis para os sujeitos que nascem com deficiência. Interessados em aprofundar o tema podem encontrar a pesquisa divulgada na internet:




Laura Cristina Nardi Callegari

lauracnardi@yahoo.com.br

O que é da deficiência?


Hoje contarei uma história verídica, a qual foi acompanhada por Anna Maria Lunardi Padilha, uma das maiores pesquisadoras da educação especial no Brasil.

Bianca é uma moça considerada deficiente mental grave, com avaliação neurológica de agenesia parcial do corpo caloso e diminuição da massa do hemisfério esquerdo, ou seja, falta-lhe uma parte do cérebro.

Com 17 anos de idade andava com dificuldades, seus movimentos eram descoordenados e desarmônicos, seu braço direito era semi-paralisado, seus olhos pareciam olhar para o nada. Não sorria, porque parecia sorrir o tempo todo (e sorriso é só para certas ocasiões). Bianca falava muito pouco e o que falava era através de palavras soltas, sem muita ligação em seu contexto. Já havia passado por diversos atendimentos, pelos mais variados profissionais e por todas as escolas que sua família julgou ser necessário. Bianca não era alfabetizada.

Não havia muita expectativa em relação ao seu desenvolvimento. A escola, a clínica e a família de Bianca a tratavam como uma criança e também não se empenhavam muito para ajudá-la a aprender. Bianca ficava à parte das aprendizagens que a grande maioria das pessoas tem acesso, afinal era deficiente e sendo deficiente não teria condições de aprender.

Porém, Bianca teve a oportunidade de mudar sua história, no momento em que as pessoas que estavam ao seu redor começaram a olhá-la de um jeito diferente. Bianca começa a ser enxergada em suas possibilidades de desenvolvimento e o defeito, a falha, a doença, a deficiência, deixa de ser a parte mais importante no discurso daqueles que fazem parte de sua vida. Bianca é então reconhecida enquanto sujeito capaz e é investida em suas possibilidades. Deixa de ser tratada como criança e passa a ocupar o lugar de uma moça. Aprende a falar, a argumentar, a desenhar, a escrever e a se movimentar com mais desenvoltura. Com investimento, Bianca já não é mais a mesma jovem deficiente mental. Nem sua deficiência é a mesma...



Laura Cristina Nardi Callegari

lauracnardi@yahoo.com.br

INCLUSÃO DO QUÊ?




Tema esse tão falado, tão comentado, tão em alta ultimamente. A mídia vem apresentando com frequência a inclusão das pessoas com deficiência, a inclusão do diferente. Mas também, tão frequentemente quanto, a mídia nos brinda com cenas cinematográficas de “vidas perfeitas”. Não são poucas as telenovelas que apresentam em suas tramas, famílias que se amam profundamente, irmãos parceiros e afáveis, pais carinhosos e prestativos, trabalhos prazerosos e tão rentáveis que permitem os excessos de uma vida luxuosa, corpos perfeitos e esculpidos (muitas vezes por substâncias invasivas ao organismo), entre tantas outras situações. E como nos sentimos diante disso tudo quando nos deparamos com uma realidade bem diferente daquela apresentada na televisão? A realidade é dura e é dura mesmo. Se olharmos atentamente para nossas vivências, veremos que por muitas vezes nos sentimos excluídos, nos sentimos de fora, nos sentimos menos por não fazermos parte de uma parcela da população que goza de uma vida plena e feliz. Mas e apesar disso, vale a pena lembrar que no dia a dia até mesmo dos artistas globais, os problemas existem e as dificuldades batem a porta sem aviso prévio. Precisaremos então nos incluir na vida cotidiana da forma como ela se apresenta, enfrentando as dificuldades que surgem, fazendo dos obstáculos que aparecem no caminho um trampolim para novas conquistas. Pode até parecer mais fácil falar do que fazer, mas quando de fato conseguimos colocar em prática pequenas atitudes de otimismo em nosso dia a dia, teremos a oportunidade de conhecer de perto a tão sonhada felicidade. Porque ser feliz nada mais é do que também se sentir parte, se sentir incluído num mundo de todos.

Laura Cristina Nardi Callegari

laracnardi@yahoo.com.br

Plasticidade neuronal


Uma boa notícia para iniciarmos nossa conversa de hoje: nada está definido no nascimento! Como assim? O que isso significa? Isso significa que se uma criança nasce com síndrome de down isso não quer dizer que ela terá dificuldades para aprender, que ela será sempre dependente dos outros, que ela terá deficiência intelectual. Tudo isso depende. Do quê? Depende de como sua família irá reagir diante do diagnóstico da síndrome de down. No começo, realmente não é fácil, sendo que toda mãe, durante seus nove meses de gestação deseja que seu filho nasça “perfeito”e quando esse filho “perfeito”não vem isso dói profundamente. A família necessitará ajuda e com certeza o que menos precisará escutar é o que seu filho não conseguirá fazer no futuro, por possuir uma deficiência. Já se foi o tempo em que logo ao nascer já se dava um prognóstico positivo ou negativo em relação ao desenvolvimento de uma criança. Hoje, com todos os avanços na área da neurociência, sabemos que nosso cérebro é um órgão tão complexo e incrível que mesmo após sofrer um acidente que cause uma grave lesão em determinada região, através de estímulos, é possível reverter o quadro ou pelo menos recuperar boa parte das funções perdidas (plasticidade neuronal). O que antes era estático e irreversível, hoje já não é mais. Da mesma forma, aquela criança que nasce com alguma deficiência orgânica, já instalada em seu organismo, também pode garantir muitos aprendizados, desde que seja estimulada para tal. Interessados em saber um pouco mais sobre plasticidade neuronal, segue link de entrevista com o médico e neurocientista Dr. Claudio Guimarães dos Santos.   http://esclerosemultipla.wordpress.com/2006/08/05/plasticidade-neuronal-e-disfuncoes-cognitivas/.

Laura Cristina Nardi Callegari

lauracnardi@yahoo.com.br

Inclusão...

A inclusão das pessoas com deficiência, tanto nas escolas quanto no mercado de trabalho, deveria ser um caminho natural, sendo que estamos falando de seres humanos: alguns aprendendo com mais facilidade e outros nem tanto, alguns trabalhando com mais empenho e outros apenas precisando de mais orientação para também render. Diferenças: isso faz parte da vida!
Sabemos que o contato direto com pessoas com deficiência por vezes incomoda e assusta. Isso porque para muitos isso é novidade, é algo diferente! Se antigamente essas pessoas viviam “escondidas” em hospícios, em asilos, ou até mesmo em suas próprias casas, hoje elas estão por aí, circulando nas ruas, estudando em escolas comuns e trabalhando também. Aos poucos, estaremos habituados com essa nova realidade que traz benefícios a todos! Estaremos aprendendo a lidar com situações adversas e inesperadas. Estaremos colocando em prática valores como cooperação, solidariedade e respeito mútuo. Valores esses tão urgentes em nossa sociedade.
O  capítulo V da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996) especifica que a Educação Especial, destinada ao ensino das pessoas com deficiência, deve ser oferecida preferencialmente na rede comum de ensino, ou seja, nas escolas comuns. As escolas até podem “ainda” não estarem preparadas para receber todas as pessoas com deficiência, mas devem começar a se preparar.

Laura Cristina Nardi Callegari

lauracnardi@yahoo.com.br




Apostando nas capacidades...


Enquanto a maioria dos seres humanos se diverte, trabalha, aprende, conhece pessoas nos mais variados espaços sociais, o que as pessoas com deficiência têm feito? Será que elas têm ocupado os mesmos espaços que as outras e com a mesma constância? O que as pessoas com deficiência têm feito para se distrair nos momentos de lazer, nos momentos de descanso? Elas, em sua maioria, têm participado de eventos sociais, têm feito passeios em locais públicos, têm saído para se divertir com os amigos?

Tenho acompanhado a vida de algumas pessoas com deficiência, que freqüentam Escolas Especiais, e tenho observado que um dos únicos locais em que estas pessoas realmente convivem e onde possuem contatos sociais mais abrangentes é na escola. Poucos, ou raros, são aqueles que viajam, que participam de eventos na comunidade, que freqüentam academias, que vão a bares e danceterias com os amigos, que saem com vizinhos e amigos para tomar chimarrão e conversar.

Grande parcela dos sujeitos com deficiência vive suas vidas praticamente isoladas, mantendo uma rotina de vida ociosa. Eles pouco produzem, poucos lugares sociais ocupam, são apenas “deficientes”. E dessa forma, pouco aprendem, não porque a deficiência lhes impede de aprender, mas porque falta a oportunidade do aprendizado, falta a vivência do aprendizado.

Na correria do dia a dia talvez não tenhamos tempo para parar e refletir sobre como conquistamos determinados aprendizados como por exemplo ir a um restaurante e saber que lá tenho que me comportar diferente do que quando estou em casa. No restaurante tenho que solicitar o que quero comer, ou tenho que me servir em um buffet e por fim devo pagar por esse serviço.

Qualquer que seja a pessoa, somente saberá lidar com essa situação após ter vivenciado, após ter tido a oportunidade de estar lá no restaurante e ter a necessidade de aprender. Se a pessoa com deficiência até for ao restaurante, mas sempre tiver alguém que irá lhe servir no prato, que irá lhe dizer qual a quantidade deverá se servir, talvez não consiga aprender a ser um pouco mais independente.

Vamos apostar na capacidade de todos! Vamos permitir que todos aprendam!!!

Laura Cristina Nardi Callegari

lauracnardi@yahoo.com.br

Mais investimento e menos rótulos!


Muitas pessoas que são consideradas deficientes geralmente são nomeadas como incapaz, imatura, anormal, retardada, coitadinha. Estas formas de nominá-las podem desencadear menos possibilidades de interação social. Como assim? Se considero uma pessoa incapaz, não vou pedir para que realize certas atividades, também não converso muito com ela e não espero muito dessa pessoa, pois se é deficiente, é assim mesmo, não sabe fazer nada, não entende nada.

            A descrença na possibilidade de aprendizagem, a descrença nas capacidades dessas pessoas provoca o não investimento social. Essas pessoas são consideradas não aprendentes e delas se espera comportamentos e atitudes que confirmem essa descrença. Assim, essas formas de tratamento acabam se transformando em profecias que se realizam.

Já está na hora da deficiência ser encarada de um jeito diferente! Que as pessoas que apresentam alguma dificuldade de aprendizagem ou que são consideradas deficientes, tenham mais oportunidades para aprender o que todas as outras pessoas aprendem. Que comecemos, todos nós, a olhar menos para o que falta, para o que não vai bem, para o que parece falho.

Porque não é a síndrome de down, não é a deficiência, não é a dificuldade que justifica a incapacidade de uma criança ou de um adulto a aprender e a se desenvolver. As condições que são fornecidas a essas pessoas é que farão toda a diferença em suas aprendizagens, em sua evolução, em seu desenvolvimento. Fica um convite então: vamos investir mais e rotular menos!                             



Laura Cristina Nardi Callegari

lauracnardi@yahoo.com.br

Você trabalha na APAE?


            Minha experiência com o trabalho realizado em instituições de ensino especial me trouxe algumas inquietações sobre situações que acontecem na sociedade em geral. Uma dessas situações diz respeito à forma como a maioria das pessoas refere-se àqueles que freqüentam a APAE (Instituição de Ensino Especial destinada a pessoas com deficiência, sigla de Associação de Pais e Amigos de Excepcionais), sejam os alunos, sejam os profissionais, como eu própria ouço: “Você trabalha na APAE? Como é que você consegue? Eu não conseguiria, eu sinto muita pena deles”; “Vocês que trabalham na APAE têm o céu garantido”; “Você trabalha na APAE? Meu Deus, eu passo até mal de pensar em ficar perto daquelas crianças ‘tudo’ defeituosas”.

            Percebe-se na fala da maioria das pessoas o quanto é difícil para elas se aproximarem de um sujeito com deficiência e o quanto consideram notável o trabalho dos profissionais que atuam com este, não pela competência que possam ter, mas pelo fato de suportarem o convívio com o diferente. A forma como as pessoas consideradas normais representam, se relacionam, ou não se relacionam com as pessoas com deficiência sempre me inquietou, pois percebo que nesse imaginário circula o medo, o medo do diferente.

            Medo esse que acaba dificultando o contato entre as pessoas consideradas normais e as pessoas com deficiência, prejudicando conseqüentemente o desenvolvimento das mesmas pelas poucas oportunidades de aprendizado vivenciadas no contexto social.

            Esse medo do diferente poderá ser combatido conforme formos nos aproximando, conhecendo e interagindo com as pessoas com deficiência.  E o que antes nos parecia tão estranho, aos poucos vai fazendo parte da “normalidade” também.



Laura Cristina Nardi Callegari

lauracnardi@yahoo.com.br

Uma vida de possibilidades


Estava pensando o quanto o envolvimento positivo de uma família pode fazer toda diferença na vida de um sujeito, principalmente daquele que nasce com uma deficiência. Conheço inúmeros casos de pais que mesmo após terem recebido um diagnóstico muito desfavorável em relação ao desenvolvimento de seus filhos com deficiência, investiram com todas as forças nas possibilidades. Para ilustrar melhor, relatarei a história de um rapaz que nasceu com paralisia cerebral (disfunção na parte motora do corpo).  Rick nasceu em 1962 e o pai relata que logo após seu nascimento foi informado sobre a deficiência do filho. Disseram-lhe que Rick passaria toda sua vida em uma cama em estado vegetativo e que não haveria muito a ser feito com o mesmo. A família recusa tal informação e desde muito cedo estimula, conversa, interage, oportuniza vivencias das mais diversas com outras pessoas e outras crianças. Observam então que Rick responde aos estímulos e que compreende o que se passa ao seu redor, sorrindo quando algo lhe agrada (pela sua dificuldade motora Rick não conseguia falar e nem se movimentar sozinho – fazia uso de cadeira de rodas). De fato Rick tinha muitas limitações físicas que lhe foram impostas pela paralisia cerebral e precisava constantemente do auxílio de outras pessoas. O que para algumas famílias poderia ser “mais um peso a ser carregado em vida”, para a família de Rick era uma oportunidade de superação para todos. Como Rick era apaixonado por esportes, seu pai decidiu leva-lo, quando já adulto, em uma competição esportiva. Entre tantos eventos, os dois participaram do Iron Man que é considerada a prova mais difícil do mundo, tendo conseguido completa-la nadando 3,8 Km e carregando seu filho em um bote, pedalando 180 km e levando seu filho junto à bicicleta, correndo 42 km e empurrando a cadeira de rodas de Rick. É inacreditável a força desse pai e mais inacreditável ainda é a capacidade de não se prender ao que está falho, ao que não vai bem, à deficiência. Segue o link do vídeo que conta a história de Rick http://www.youtube.com/watch?v=lCVBAI28a34. Não deixem de assistir. É uma história incrível!

Laura Cristina Nardi Callegari
lauracnardi@yahoo.com.br

Um vencedor


Hoje contarei a Hoje c
Contarei a história de Eduardo Purper, um rapaz de 25 anos de idade que nasceu com paralisia cerebral e por conta disso tem dificuldades motoras e visuais: é cadeirante e tem apenas 20% da visão. Eduardo é graduado em Jornalismo pelo IPA (Porto Alegre), onde trabalha como auxiliar de locução do laboratório de áudio. É apresentador do Programa A palavra é sua (www.apalavraesua.com.br), onde realiza entrevistas com profissionais de diversas áreas de atuação como cultura, esporte, jornalismo e comunicação. Em 2010 esteve em Farroupilha, realizando uma palestra no CESF, para um público de mais de 240 pessoas. Nesse dia Eduardo comentou sobre como seus pais reagiram ao diagnóstico proferido pelos médicos, logo ao seu nascimento: “Quando minha mãe soube que eu não ia caminhar, ela ficou desesperada. Quando um médico disse para ela que eu não iria andar, falar, enfim, não teria nenhuma função normal, ela rejeitou essa informação. Foi ela quem determinou e me mostrou que eu conseguiria tudo que eu desejasse”. E foi dessa forma que Eduardo foi conquistando tantas vitórias em sua vida. Apesar de ter uma deficiência que o impede de caminhar e enxergar faz inúmeros planos para sua vida. Atualmente Eduardo almeja fazer Mestrado, para poder dar aulas e transmitir o seu conhecimento para outras pessoas. Eduardo poderia ter escolhido o lugar de “coitadinho”,  acomodado em sua cadeira de roda, sentindo-se vítima do destino (por ter nascido com uma deficiência). Ao invés disso, escolheu viver com todas as possibilidades que tem, pois sabe que se não pode caminhar e enxergar pode pensar, estudar, trabalhar, se divertir, sair com seus amigos entre tantas outras coisas que ele ainda tem para descobrir.

Laura Cristina Nardi Callegari
lauracnardi@yahoo.com.br





HERBERT DE PERTO




É, por vezes nos colocamos a nos queixar da vida, do que temos ou do que não temos, do que não vai bem e do que poderia ser de outro jeito e assim os dias vão se passando e talvez também as oportunidades de felicidade se vão. Há poucos dias assisti o DVD Herbert de perto, o qual conta a história de vida de Herbert Vianna, cantor e compositor da Banda Paralamas do Sucesso. O DVD faz um percurso na vida de Herbert antes e depois do acidente que lhe deixou paraplégico. EM 2001 Herbert e sua esposa Lucy Needham Vianna estavam no ultraleve pilotado pelo próprio Herbert quando ao tentar executar um a manobra conhecida como looping, o mesmo perde o controle do ultraleve o qual cai na mar e se esfacela. Lucy morreu na hora e Herbert ficou em coma por vários dias, em estado gravíssimo. Como que por milagre aos poucos Herbert começa a se recuperar dos traumas sofridos em seu cérebro e das lesões em seu organismo. Pois Herbert dá uma lição de força, perseverança trabalhando duro para recuperar as funções perdidas pelo seu corpo, após o acidente. O que para alguns poderia ser motivo para o fim da vida, para Herbert foi um começo diferente. Mesmo não contando mais com a presença de sua esposa, a qual ele tanto amava e admirava, Herbert seguiu e segue lutando pela vida, cantando que é uma de suas paixões e educando seus 3 filhos, fruto de um amor quase que incondicional. Fica então a dica do filme para ser assistido por toda família, porque ninguém está livre de mais dia menos dia ser acometido por um incidente no percurso da vida, o qual poderá nos obrigar a modificar os caminhos que ainda pretendíamos percorrer.

Laura Cristina Nardi Callegari
Psicopedagoga

lauracnardi@yahoo.com.br

"Eterna criança"?


“A pessoa com deficiência é como se fosse uma eterna criança”. Essa é uma das frases que mais escuto e gostaria de trazê-la para reflexão, juntamente com o caso de uma moça de 35 anos de idade, que tem síndrome de down. Essa moça, apesar da idade, tem uma casa de boneca construída no pátio da casa da sua família, na qual a mesma passa boa parte do dia brincando. Ué? Uma moça de 35 anos de idade brincando de casinha? Pois é! Enquanto as moças da idade dela estão trabalhando, estudando ou ocupando algum lugar social na família (enquanto mãe, tia, mulher), Judite (a moça que tem síndrome de down) está ocupada com o seu mundo de faz de conta. Sua família pensa que por ela ter nascido com síndrome de down nunca poderá aprender o que outros aprendem. Alguns até afirmam que ela será sempre uma eterna criança. Mas eu me pergunto: algum dia Judite teve a oportunidade de fazer o que os outros adultos fazem ou a ela somente foram oferecidas atividades, brincadeiras do mundo infantil? Por que Judite, apesar de ter 35 anos de idade, ainda tem uma casinha de boneca? Por que ela não teria outras coisas para fazer? Será? Será que Judite não poderia estar trabalhando, estudando, cuidando de sua vida??? Muitas das dificuldades que fazem parte da vida de algumas pessoas com deficiência têm muito mais a ver com mitos e preconceitos do que de fato com limitações para o aprendizado. Não é a deficiência que vai definir o que uma pessoa irá ou não aprender. As oportunidades de aprendizado que ela terá é que farão toda a diferença.

Laura Cristina Nardi Callegari
Psicopedagoga

lauracnardi@yahoo.com.br


O diagnóstico das deficiências


                Há algum tempo tenho me sentido angustiada com relação aos diagnósticos das deficiências, pois percebo que tanto os pais das crianças que apresentam dificuldades quanto os professores e outros profissionais necessitam dar nomes para algo que não está se apresentando bem.


                Ok. Em alguns casos saber ao certo o que um sujeito tem é importante, como por exemplo nos casos em que se deve ter cuidados bem específicos com a saúde do sujeito, como acontece com as crianças com síndrome de down que nascem com problemas cardíacos. Aqui existe uma questão de saúde física que deve sim ser levada em consideração.


                Mas na grande maioria dos casos direcionar toda a energia para descobrir qual é o nome da deficiência pode não indicar necessariamente um caminho para sua evolução e sim o contrário, pois de posse do nome da deficiência alguns aprendizados já nem mais são esperados: “ah ele não aprende porque tem deficiência intelectual”.


                Então o nome da deficiência passa a ser a justificativa do não aprender e alguns investimentos no desenvolvimento da criança são deixados de lado: “não adianta ensinar, porque não vai aprender, é assim mesmo”.  Essas são apenas algumas das falas que já escutei de colegas de profissão e de pais.


                 Estava me lembrando nesse momento de uma criança com síndrome de down que atendi com 1 ano e 2 meses de idade e que até aquele momento a família não sabia da síndrome (por algum motivo o médico não informou os pais dessa possibilidade e não os encaminhou para realizarem exames que confirmassem de fato a existência da mesma).


                Até o primeiro ano de vida esse bebê tinha sido tratado como um bebê normal: ganhou todos os dengos possíveis de sua família que era bem numerosa e muito afável. A estimulação tão necessária a todas as crianças pequenas, para esse bebê se deu forma natural nos contatos com seus familiares. Essa criança chegou para avaliação (para saber se estava tudo bem, já que tinham descoberto a síndrome) e seu desenvolvimento apresentava-se praticamente como o esperado para sua idade.  


                Ficam alguns questionamentos: quanto das características de um sujeito normal são podadas a partir do momento em que se descobre que por trás tem uma deficiência?  quanto das possibilidades de um sujeito vir a conquistar aprendizados significativos em seu meio social são tiradas de si no momento em que é isolado em locais onde convive apenas com quem tem as mesmas dificuldades?


                Todos nós, seres humanos, aprendemos a partir das interações sociais que estabelecemos com nossos pares. Se nossos contatos forem positivos, estimulantes, desafiadores, aprenderemos mais. Mas, se ao invés disso nos contentarmos com o mais fácil, o mais tranquilo, a mesma rotina, teremos grandes chances de ficarmos sempre no mesmo lugar, com as mesmas dificuldades, com as mesmas resistências, com os mesmos problemas.


                Não há nada de errado em querer saber o que um filho tem, por que não está aprendendo, por que está tão diferente dos outros, mas precisamos ter mais cuidado com o que fazemos quando temos a confirmação de um diagnóstico para que a vida de um sujeito não se encerre por ali.


Laura Cristina Nardi Callegari


Psicopedagoga