Sejam bem vindos!

Aqui, gostamos de falar sobre histórias que deram certo... Histórias de superação das dificuldades, das deficiências, dos obstáculos... Se aprender é para todos, precisamos descobrir caminhos que abram as portas para o aprendizado... Sejam bem-vindos!





























quarta-feira, 6 de junho de 2012

Buscando ajuda....



Quando observamos que uma criança pequena está apresentando dificuldades em seu desenvolvimento, como por exemplo, atraso para caminhar ou atraso para falar, devemos ficar atentos, pois estes são os primeiros sinais de que algo não vai bem. Assumir que algo não vai bem não é muito fácil, sendo que por trás dessa afirmação vem toda uma ideia de que então os pais falharam na educação que forneceram aos seus filhos. Não gosto de pensar por este raciocínio, sabendo que aprendemos a ser pai e mãe com nossos próprios genitores, logo, num primeiro momento iremos seguir o modelo de pai e mãe que tivemos. Mas e será que foi um modelo ideal? Quando criança, meus pais me possibilitavam diversas oportunidades de aprendizado, me incentivavam a ser mais autônomo, me estimulavam para que meu desenvolvimento fosse saudável? Pois nem sempre foram essas as experiências que tivemos em nossa infância e possivelmente é o que conseguiremos repassar para nossos filhos, a não ser que nos propusermos a nos analisar (fazendo terapia mesmo) e assim encontrar outros caminhos para seguir (que não sejam necessariamente o mesmo que os pais escolheram) ou então contarmos com a ajuda de profissionais que nos auxiliam a compreender os acontecimentos do universo infantil. Mas a boa notícia é que depois que for detectada e assumida a dificuldade apresentada pela criança, sempre se terá o que fazer para que a mesma consiga superar os obstáculos e então progredir, se ela tiver a ajuda necessária. Não existem pais bons ou pais ruins. Não tem porque existir essa denominação. Existem sim pais que se preocupam de fato com seus filhos e conseguem buscar ajuda quando reconhecem que também precisam de apoio.

Laura Cristina Nardi Callegari

Síndrome de down


Hoje falaremos sobre o que é a síndrome de down. A síndrome de Down é uma anomalia genética caracterizada pela existência de um cromossomo adicional no par 21.

A suspeita do diagnóstico muitas vezes pode ser constatada ao nascimento através de algumas características físicas: bebês menores, olhos amendoados e distantes um do outro, prega epicântica (característica comum dos orientais), braços e pernas mais curtos, orelhas abaixo do normal, nariz pequeno, mãos menores (1 prega), pés (distância entre primeiro e segundo dedo), entre outras. Muitos recém nascidos podem ter essas características e não possuir síndrome de down. O diagnóstico preciso é feito através de um estudo cromossômico a partir do qual se obtém o cariótipo que pode ser considerado como a carteira de identidade genética de uma pessoa. Apesar de as pessoas com síndrome de down possuírem características físicas semelhantes, o comportamento e o desenvolvimento são muito particulares em cada caso, sendo que os mesmos dependem muito da influência do meio em que vivem. Maria Sylvia Cardoso Carneiro desenvolveu sua tese de Doutorado em 2007 na UFRGS, analisando a trajetória de vida de três sujeitos adultos com síndrome de down que não se constituíram com deficiência mental. A pesquisadora constata que a partir das interações sociais é possível superar limites que antes se acreditavam intransponíveis para os sujeitos que nascem com deficiência. Interessados em aprofundar o tema podem encontrar a pesquisa divulgada na internet:




Laura Cristina Nardi Callegari

lauracnardi@yahoo.com.br

O que é da deficiência?


Hoje contarei uma história verídica, a qual foi acompanhada por Anna Maria Lunardi Padilha, uma das maiores pesquisadoras da educação especial no Brasil.

Bianca é uma moça considerada deficiente mental grave, com avaliação neurológica de agenesia parcial do corpo caloso e diminuição da massa do hemisfério esquerdo, ou seja, falta-lhe uma parte do cérebro.

Com 17 anos de idade andava com dificuldades, seus movimentos eram descoordenados e desarmônicos, seu braço direito era semi-paralisado, seus olhos pareciam olhar para o nada. Não sorria, porque parecia sorrir o tempo todo (e sorriso é só para certas ocasiões). Bianca falava muito pouco e o que falava era através de palavras soltas, sem muita ligação em seu contexto. Já havia passado por diversos atendimentos, pelos mais variados profissionais e por todas as escolas que sua família julgou ser necessário. Bianca não era alfabetizada.

Não havia muita expectativa em relação ao seu desenvolvimento. A escola, a clínica e a família de Bianca a tratavam como uma criança e também não se empenhavam muito para ajudá-la a aprender. Bianca ficava à parte das aprendizagens que a grande maioria das pessoas tem acesso, afinal era deficiente e sendo deficiente não teria condições de aprender.

Porém, Bianca teve a oportunidade de mudar sua história, no momento em que as pessoas que estavam ao seu redor começaram a olhá-la de um jeito diferente. Bianca começa a ser enxergada em suas possibilidades de desenvolvimento e o defeito, a falha, a doença, a deficiência, deixa de ser a parte mais importante no discurso daqueles que fazem parte de sua vida. Bianca é então reconhecida enquanto sujeito capaz e é investida em suas possibilidades. Deixa de ser tratada como criança e passa a ocupar o lugar de uma moça. Aprende a falar, a argumentar, a desenhar, a escrever e a se movimentar com mais desenvoltura. Com investimento, Bianca já não é mais a mesma jovem deficiente mental. Nem sua deficiência é a mesma...



Laura Cristina Nardi Callegari

lauracnardi@yahoo.com.br

INCLUSÃO DO QUÊ?




Tema esse tão falado, tão comentado, tão em alta ultimamente. A mídia vem apresentando com frequência a inclusão das pessoas com deficiência, a inclusão do diferente. Mas também, tão frequentemente quanto, a mídia nos brinda com cenas cinematográficas de “vidas perfeitas”. Não são poucas as telenovelas que apresentam em suas tramas, famílias que se amam profundamente, irmãos parceiros e afáveis, pais carinhosos e prestativos, trabalhos prazerosos e tão rentáveis que permitem os excessos de uma vida luxuosa, corpos perfeitos e esculpidos (muitas vezes por substâncias invasivas ao organismo), entre tantas outras situações. E como nos sentimos diante disso tudo quando nos deparamos com uma realidade bem diferente daquela apresentada na televisão? A realidade é dura e é dura mesmo. Se olharmos atentamente para nossas vivências, veremos que por muitas vezes nos sentimos excluídos, nos sentimos de fora, nos sentimos menos por não fazermos parte de uma parcela da população que goza de uma vida plena e feliz. Mas e apesar disso, vale a pena lembrar que no dia a dia até mesmo dos artistas globais, os problemas existem e as dificuldades batem a porta sem aviso prévio. Precisaremos então nos incluir na vida cotidiana da forma como ela se apresenta, enfrentando as dificuldades que surgem, fazendo dos obstáculos que aparecem no caminho um trampolim para novas conquistas. Pode até parecer mais fácil falar do que fazer, mas quando de fato conseguimos colocar em prática pequenas atitudes de otimismo em nosso dia a dia, teremos a oportunidade de conhecer de perto a tão sonhada felicidade. Porque ser feliz nada mais é do que também se sentir parte, se sentir incluído num mundo de todos.

Laura Cristina Nardi Callegari

laracnardi@yahoo.com.br

Plasticidade neuronal


Uma boa notícia para iniciarmos nossa conversa de hoje: nada está definido no nascimento! Como assim? O que isso significa? Isso significa que se uma criança nasce com síndrome de down isso não quer dizer que ela terá dificuldades para aprender, que ela será sempre dependente dos outros, que ela terá deficiência intelectual. Tudo isso depende. Do quê? Depende de como sua família irá reagir diante do diagnóstico da síndrome de down. No começo, realmente não é fácil, sendo que toda mãe, durante seus nove meses de gestação deseja que seu filho nasça “perfeito”e quando esse filho “perfeito”não vem isso dói profundamente. A família necessitará ajuda e com certeza o que menos precisará escutar é o que seu filho não conseguirá fazer no futuro, por possuir uma deficiência. Já se foi o tempo em que logo ao nascer já se dava um prognóstico positivo ou negativo em relação ao desenvolvimento de uma criança. Hoje, com todos os avanços na área da neurociência, sabemos que nosso cérebro é um órgão tão complexo e incrível que mesmo após sofrer um acidente que cause uma grave lesão em determinada região, através de estímulos, é possível reverter o quadro ou pelo menos recuperar boa parte das funções perdidas (plasticidade neuronal). O que antes era estático e irreversível, hoje já não é mais. Da mesma forma, aquela criança que nasce com alguma deficiência orgânica, já instalada em seu organismo, também pode garantir muitos aprendizados, desde que seja estimulada para tal. Interessados em saber um pouco mais sobre plasticidade neuronal, segue link de entrevista com o médico e neurocientista Dr. Claudio Guimarães dos Santos.   http://esclerosemultipla.wordpress.com/2006/08/05/plasticidade-neuronal-e-disfuncoes-cognitivas/.

Laura Cristina Nardi Callegari

lauracnardi@yahoo.com.br

Inclusão...

A inclusão das pessoas com deficiência, tanto nas escolas quanto no mercado de trabalho, deveria ser um caminho natural, sendo que estamos falando de seres humanos: alguns aprendendo com mais facilidade e outros nem tanto, alguns trabalhando com mais empenho e outros apenas precisando de mais orientação para também render. Diferenças: isso faz parte da vida!
Sabemos que o contato direto com pessoas com deficiência por vezes incomoda e assusta. Isso porque para muitos isso é novidade, é algo diferente! Se antigamente essas pessoas viviam “escondidas” em hospícios, em asilos, ou até mesmo em suas próprias casas, hoje elas estão por aí, circulando nas ruas, estudando em escolas comuns e trabalhando também. Aos poucos, estaremos habituados com essa nova realidade que traz benefícios a todos! Estaremos aprendendo a lidar com situações adversas e inesperadas. Estaremos colocando em prática valores como cooperação, solidariedade e respeito mútuo. Valores esses tão urgentes em nossa sociedade.
O  capítulo V da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996) especifica que a Educação Especial, destinada ao ensino das pessoas com deficiência, deve ser oferecida preferencialmente na rede comum de ensino, ou seja, nas escolas comuns. As escolas até podem “ainda” não estarem preparadas para receber todas as pessoas com deficiência, mas devem começar a se preparar.

Laura Cristina Nardi Callegari

lauracnardi@yahoo.com.br




Apostando nas capacidades...


Enquanto a maioria dos seres humanos se diverte, trabalha, aprende, conhece pessoas nos mais variados espaços sociais, o que as pessoas com deficiência têm feito? Será que elas têm ocupado os mesmos espaços que as outras e com a mesma constância? O que as pessoas com deficiência têm feito para se distrair nos momentos de lazer, nos momentos de descanso? Elas, em sua maioria, têm participado de eventos sociais, têm feito passeios em locais públicos, têm saído para se divertir com os amigos?

Tenho acompanhado a vida de algumas pessoas com deficiência, que freqüentam Escolas Especiais, e tenho observado que um dos únicos locais em que estas pessoas realmente convivem e onde possuem contatos sociais mais abrangentes é na escola. Poucos, ou raros, são aqueles que viajam, que participam de eventos na comunidade, que freqüentam academias, que vão a bares e danceterias com os amigos, que saem com vizinhos e amigos para tomar chimarrão e conversar.

Grande parcela dos sujeitos com deficiência vive suas vidas praticamente isoladas, mantendo uma rotina de vida ociosa. Eles pouco produzem, poucos lugares sociais ocupam, são apenas “deficientes”. E dessa forma, pouco aprendem, não porque a deficiência lhes impede de aprender, mas porque falta a oportunidade do aprendizado, falta a vivência do aprendizado.

Na correria do dia a dia talvez não tenhamos tempo para parar e refletir sobre como conquistamos determinados aprendizados como por exemplo ir a um restaurante e saber que lá tenho que me comportar diferente do que quando estou em casa. No restaurante tenho que solicitar o que quero comer, ou tenho que me servir em um buffet e por fim devo pagar por esse serviço.

Qualquer que seja a pessoa, somente saberá lidar com essa situação após ter vivenciado, após ter tido a oportunidade de estar lá no restaurante e ter a necessidade de aprender. Se a pessoa com deficiência até for ao restaurante, mas sempre tiver alguém que irá lhe servir no prato, que irá lhe dizer qual a quantidade deverá se servir, talvez não consiga aprender a ser um pouco mais independente.

Vamos apostar na capacidade de todos! Vamos permitir que todos aprendam!!!

Laura Cristina Nardi Callegari

lauracnardi@yahoo.com.br

Mais investimento e menos rótulos!


Muitas pessoas que são consideradas deficientes geralmente são nomeadas como incapaz, imatura, anormal, retardada, coitadinha. Estas formas de nominá-las podem desencadear menos possibilidades de interação social. Como assim? Se considero uma pessoa incapaz, não vou pedir para que realize certas atividades, também não converso muito com ela e não espero muito dessa pessoa, pois se é deficiente, é assim mesmo, não sabe fazer nada, não entende nada.

            A descrença na possibilidade de aprendizagem, a descrença nas capacidades dessas pessoas provoca o não investimento social. Essas pessoas são consideradas não aprendentes e delas se espera comportamentos e atitudes que confirmem essa descrença. Assim, essas formas de tratamento acabam se transformando em profecias que se realizam.

Já está na hora da deficiência ser encarada de um jeito diferente! Que as pessoas que apresentam alguma dificuldade de aprendizagem ou que são consideradas deficientes, tenham mais oportunidades para aprender o que todas as outras pessoas aprendem. Que comecemos, todos nós, a olhar menos para o que falta, para o que não vai bem, para o que parece falho.

Porque não é a síndrome de down, não é a deficiência, não é a dificuldade que justifica a incapacidade de uma criança ou de um adulto a aprender e a se desenvolver. As condições que são fornecidas a essas pessoas é que farão toda a diferença em suas aprendizagens, em sua evolução, em seu desenvolvimento. Fica um convite então: vamos investir mais e rotular menos!                             



Laura Cristina Nardi Callegari

lauracnardi@yahoo.com.br

Você trabalha na APAE?


            Minha experiência com o trabalho realizado em instituições de ensino especial me trouxe algumas inquietações sobre situações que acontecem na sociedade em geral. Uma dessas situações diz respeito à forma como a maioria das pessoas refere-se àqueles que freqüentam a APAE (Instituição de Ensino Especial destinada a pessoas com deficiência, sigla de Associação de Pais e Amigos de Excepcionais), sejam os alunos, sejam os profissionais, como eu própria ouço: “Você trabalha na APAE? Como é que você consegue? Eu não conseguiria, eu sinto muita pena deles”; “Vocês que trabalham na APAE têm o céu garantido”; “Você trabalha na APAE? Meu Deus, eu passo até mal de pensar em ficar perto daquelas crianças ‘tudo’ defeituosas”.

            Percebe-se na fala da maioria das pessoas o quanto é difícil para elas se aproximarem de um sujeito com deficiência e o quanto consideram notável o trabalho dos profissionais que atuam com este, não pela competência que possam ter, mas pelo fato de suportarem o convívio com o diferente. A forma como as pessoas consideradas normais representam, se relacionam, ou não se relacionam com as pessoas com deficiência sempre me inquietou, pois percebo que nesse imaginário circula o medo, o medo do diferente.

            Medo esse que acaba dificultando o contato entre as pessoas consideradas normais e as pessoas com deficiência, prejudicando conseqüentemente o desenvolvimento das mesmas pelas poucas oportunidades de aprendizado vivenciadas no contexto social.

            Esse medo do diferente poderá ser combatido conforme formos nos aproximando, conhecendo e interagindo com as pessoas com deficiência.  E o que antes nos parecia tão estranho, aos poucos vai fazendo parte da “normalidade” também.



Laura Cristina Nardi Callegari

lauracnardi@yahoo.com.br

Uma vida de possibilidades


Estava pensando o quanto o envolvimento positivo de uma família pode fazer toda diferença na vida de um sujeito, principalmente daquele que nasce com uma deficiência. Conheço inúmeros casos de pais que mesmo após terem recebido um diagnóstico muito desfavorável em relação ao desenvolvimento de seus filhos com deficiência, investiram com todas as forças nas possibilidades. Para ilustrar melhor, relatarei a história de um rapaz que nasceu com paralisia cerebral (disfunção na parte motora do corpo).  Rick nasceu em 1962 e o pai relata que logo após seu nascimento foi informado sobre a deficiência do filho. Disseram-lhe que Rick passaria toda sua vida em uma cama em estado vegetativo e que não haveria muito a ser feito com o mesmo. A família recusa tal informação e desde muito cedo estimula, conversa, interage, oportuniza vivencias das mais diversas com outras pessoas e outras crianças. Observam então que Rick responde aos estímulos e que compreende o que se passa ao seu redor, sorrindo quando algo lhe agrada (pela sua dificuldade motora Rick não conseguia falar e nem se movimentar sozinho – fazia uso de cadeira de rodas). De fato Rick tinha muitas limitações físicas que lhe foram impostas pela paralisia cerebral e precisava constantemente do auxílio de outras pessoas. O que para algumas famílias poderia ser “mais um peso a ser carregado em vida”, para a família de Rick era uma oportunidade de superação para todos. Como Rick era apaixonado por esportes, seu pai decidiu leva-lo, quando já adulto, em uma competição esportiva. Entre tantos eventos, os dois participaram do Iron Man que é considerada a prova mais difícil do mundo, tendo conseguido completa-la nadando 3,8 Km e carregando seu filho em um bote, pedalando 180 km e levando seu filho junto à bicicleta, correndo 42 km e empurrando a cadeira de rodas de Rick. É inacreditável a força desse pai e mais inacreditável ainda é a capacidade de não se prender ao que está falho, ao que não vai bem, à deficiência. Segue o link do vídeo que conta a história de Rick http://www.youtube.com/watch?v=lCVBAI28a34. Não deixem de assistir. É uma história incrível!

Laura Cristina Nardi Callegari
lauracnardi@yahoo.com.br

Um vencedor


Hoje contarei a Hoje c
Contarei a história de Eduardo Purper, um rapaz de 25 anos de idade que nasceu com paralisia cerebral e por conta disso tem dificuldades motoras e visuais: é cadeirante e tem apenas 20% da visão. Eduardo é graduado em Jornalismo pelo IPA (Porto Alegre), onde trabalha como auxiliar de locução do laboratório de áudio. É apresentador do Programa A palavra é sua (www.apalavraesua.com.br), onde realiza entrevistas com profissionais de diversas áreas de atuação como cultura, esporte, jornalismo e comunicação. Em 2010 esteve em Farroupilha, realizando uma palestra no CESF, para um público de mais de 240 pessoas. Nesse dia Eduardo comentou sobre como seus pais reagiram ao diagnóstico proferido pelos médicos, logo ao seu nascimento: “Quando minha mãe soube que eu não ia caminhar, ela ficou desesperada. Quando um médico disse para ela que eu não iria andar, falar, enfim, não teria nenhuma função normal, ela rejeitou essa informação. Foi ela quem determinou e me mostrou que eu conseguiria tudo que eu desejasse”. E foi dessa forma que Eduardo foi conquistando tantas vitórias em sua vida. Apesar de ter uma deficiência que o impede de caminhar e enxergar faz inúmeros planos para sua vida. Atualmente Eduardo almeja fazer Mestrado, para poder dar aulas e transmitir o seu conhecimento para outras pessoas. Eduardo poderia ter escolhido o lugar de “coitadinho”,  acomodado em sua cadeira de roda, sentindo-se vítima do destino (por ter nascido com uma deficiência). Ao invés disso, escolheu viver com todas as possibilidades que tem, pois sabe que se não pode caminhar e enxergar pode pensar, estudar, trabalhar, se divertir, sair com seus amigos entre tantas outras coisas que ele ainda tem para descobrir.

Laura Cristina Nardi Callegari
lauracnardi@yahoo.com.br





HERBERT DE PERTO




É, por vezes nos colocamos a nos queixar da vida, do que temos ou do que não temos, do que não vai bem e do que poderia ser de outro jeito e assim os dias vão se passando e talvez também as oportunidades de felicidade se vão. Há poucos dias assisti o DVD Herbert de perto, o qual conta a história de vida de Herbert Vianna, cantor e compositor da Banda Paralamas do Sucesso. O DVD faz um percurso na vida de Herbert antes e depois do acidente que lhe deixou paraplégico. EM 2001 Herbert e sua esposa Lucy Needham Vianna estavam no ultraleve pilotado pelo próprio Herbert quando ao tentar executar um a manobra conhecida como looping, o mesmo perde o controle do ultraleve o qual cai na mar e se esfacela. Lucy morreu na hora e Herbert ficou em coma por vários dias, em estado gravíssimo. Como que por milagre aos poucos Herbert começa a se recuperar dos traumas sofridos em seu cérebro e das lesões em seu organismo. Pois Herbert dá uma lição de força, perseverança trabalhando duro para recuperar as funções perdidas pelo seu corpo, após o acidente. O que para alguns poderia ser motivo para o fim da vida, para Herbert foi um começo diferente. Mesmo não contando mais com a presença de sua esposa, a qual ele tanto amava e admirava, Herbert seguiu e segue lutando pela vida, cantando que é uma de suas paixões e educando seus 3 filhos, fruto de um amor quase que incondicional. Fica então a dica do filme para ser assistido por toda família, porque ninguém está livre de mais dia menos dia ser acometido por um incidente no percurso da vida, o qual poderá nos obrigar a modificar os caminhos que ainda pretendíamos percorrer.

Laura Cristina Nardi Callegari
Psicopedagoga

lauracnardi@yahoo.com.br

"Eterna criança"?


“A pessoa com deficiência é como se fosse uma eterna criança”. Essa é uma das frases que mais escuto e gostaria de trazê-la para reflexão, juntamente com o caso de uma moça de 35 anos de idade, que tem síndrome de down. Essa moça, apesar da idade, tem uma casa de boneca construída no pátio da casa da sua família, na qual a mesma passa boa parte do dia brincando. Ué? Uma moça de 35 anos de idade brincando de casinha? Pois é! Enquanto as moças da idade dela estão trabalhando, estudando ou ocupando algum lugar social na família (enquanto mãe, tia, mulher), Judite (a moça que tem síndrome de down) está ocupada com o seu mundo de faz de conta. Sua família pensa que por ela ter nascido com síndrome de down nunca poderá aprender o que outros aprendem. Alguns até afirmam que ela será sempre uma eterna criança. Mas eu me pergunto: algum dia Judite teve a oportunidade de fazer o que os outros adultos fazem ou a ela somente foram oferecidas atividades, brincadeiras do mundo infantil? Por que Judite, apesar de ter 35 anos de idade, ainda tem uma casinha de boneca? Por que ela não teria outras coisas para fazer? Será? Será que Judite não poderia estar trabalhando, estudando, cuidando de sua vida??? Muitas das dificuldades que fazem parte da vida de algumas pessoas com deficiência têm muito mais a ver com mitos e preconceitos do que de fato com limitações para o aprendizado. Não é a deficiência que vai definir o que uma pessoa irá ou não aprender. As oportunidades de aprendizado que ela terá é que farão toda a diferença.

Laura Cristina Nardi Callegari
Psicopedagoga

lauracnardi@yahoo.com.br


O diagnóstico das deficiências


                Há algum tempo tenho me sentido angustiada com relação aos diagnósticos das deficiências, pois percebo que tanto os pais das crianças que apresentam dificuldades quanto os professores e outros profissionais necessitam dar nomes para algo que não está se apresentando bem.


                Ok. Em alguns casos saber ao certo o que um sujeito tem é importante, como por exemplo nos casos em que se deve ter cuidados bem específicos com a saúde do sujeito, como acontece com as crianças com síndrome de down que nascem com problemas cardíacos. Aqui existe uma questão de saúde física que deve sim ser levada em consideração.


                Mas na grande maioria dos casos direcionar toda a energia para descobrir qual é o nome da deficiência pode não indicar necessariamente um caminho para sua evolução e sim o contrário, pois de posse do nome da deficiência alguns aprendizados já nem mais são esperados: “ah ele não aprende porque tem deficiência intelectual”.


                Então o nome da deficiência passa a ser a justificativa do não aprender e alguns investimentos no desenvolvimento da criança são deixados de lado: “não adianta ensinar, porque não vai aprender, é assim mesmo”.  Essas são apenas algumas das falas que já escutei de colegas de profissão e de pais.


                 Estava me lembrando nesse momento de uma criança com síndrome de down que atendi com 1 ano e 2 meses de idade e que até aquele momento a família não sabia da síndrome (por algum motivo o médico não informou os pais dessa possibilidade e não os encaminhou para realizarem exames que confirmassem de fato a existência da mesma).


                Até o primeiro ano de vida esse bebê tinha sido tratado como um bebê normal: ganhou todos os dengos possíveis de sua família que era bem numerosa e muito afável. A estimulação tão necessária a todas as crianças pequenas, para esse bebê se deu forma natural nos contatos com seus familiares. Essa criança chegou para avaliação (para saber se estava tudo bem, já que tinham descoberto a síndrome) e seu desenvolvimento apresentava-se praticamente como o esperado para sua idade.  


                Ficam alguns questionamentos: quanto das características de um sujeito normal são podadas a partir do momento em que se descobre que por trás tem uma deficiência?  quanto das possibilidades de um sujeito vir a conquistar aprendizados significativos em seu meio social são tiradas de si no momento em que é isolado em locais onde convive apenas com quem tem as mesmas dificuldades?


                Todos nós, seres humanos, aprendemos a partir das interações sociais que estabelecemos com nossos pares. Se nossos contatos forem positivos, estimulantes, desafiadores, aprenderemos mais. Mas, se ao invés disso nos contentarmos com o mais fácil, o mais tranquilo, a mesma rotina, teremos grandes chances de ficarmos sempre no mesmo lugar, com as mesmas dificuldades, com as mesmas resistências, com os mesmos problemas.


                Não há nada de errado em querer saber o que um filho tem, por que não está aprendendo, por que está tão diferente dos outros, mas precisamos ter mais cuidado com o que fazemos quando temos a confirmação de um diagnóstico para que a vida de um sujeito não se encerre por ali.


Laura Cristina Nardi Callegari


Psicopedagoga