Minha experiência com o trabalho
realizado em instituições de ensino especial me trouxe algumas inquietações
sobre situações que acontecem na sociedade em geral. Uma dessas
situações diz respeito à forma como a maioria das pessoas refere-se àqueles que
freqüentam a APAE (Instituição de Ensino Especial destinada a pessoas com
deficiência, sigla de Associação de Pais e Amigos de Excepcionais), sejam os
alunos, sejam os profissionais, como eu própria ouço: “Você trabalha na APAE?
Como é que você consegue? Eu não conseguiria, eu sinto muita pena deles”;
“Vocês que trabalham na APAE têm o céu garantido”; “Você trabalha na APAE? Meu
Deus, eu passo até mal de pensar em ficar perto daquelas crianças ‘tudo’
defeituosas”.
Percebe-se na fala da maioria das
pessoas o quanto é difícil para elas se aproximarem de um sujeito com
deficiência e o quanto consideram notável o trabalho dos profissionais que
atuam com este, não pela competência que possam ter, mas pelo fato de suportarem o convívio com o diferente. A
forma como as pessoas consideradas normais representam, se relacionam, ou não
se relacionam com as pessoas com deficiência sempre me inquietou, pois percebo
que nesse imaginário circula o medo, o medo do diferente.
Medo esse que acaba dificultando o contato
entre as pessoas consideradas normais e as pessoas com deficiência, prejudicando
conseqüentemente o desenvolvimento das mesmas pelas poucas oportunidades de aprendizado
vivenciadas no contexto social.
Esse medo do diferente poderá ser
combatido conforme formos nos aproximando, conhecendo e interagindo com as
pessoas com deficiência. E o que antes
nos parecia tão estranho, aos poucos vai fazendo parte da “normalidade” também.
Laura Cristina Nardi Callegari
lauracnardi@yahoo.com.br
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