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quarta-feira, 6 de junho de 2012

O diagnóstico das deficiências


                Há algum tempo tenho me sentido angustiada com relação aos diagnósticos das deficiências, pois percebo que tanto os pais das crianças que apresentam dificuldades quanto os professores e outros profissionais necessitam dar nomes para algo que não está se apresentando bem.


                Ok. Em alguns casos saber ao certo o que um sujeito tem é importante, como por exemplo nos casos em que se deve ter cuidados bem específicos com a saúde do sujeito, como acontece com as crianças com síndrome de down que nascem com problemas cardíacos. Aqui existe uma questão de saúde física que deve sim ser levada em consideração.


                Mas na grande maioria dos casos direcionar toda a energia para descobrir qual é o nome da deficiência pode não indicar necessariamente um caminho para sua evolução e sim o contrário, pois de posse do nome da deficiência alguns aprendizados já nem mais são esperados: “ah ele não aprende porque tem deficiência intelectual”.


                Então o nome da deficiência passa a ser a justificativa do não aprender e alguns investimentos no desenvolvimento da criança são deixados de lado: “não adianta ensinar, porque não vai aprender, é assim mesmo”.  Essas são apenas algumas das falas que já escutei de colegas de profissão e de pais.


                 Estava me lembrando nesse momento de uma criança com síndrome de down que atendi com 1 ano e 2 meses de idade e que até aquele momento a família não sabia da síndrome (por algum motivo o médico não informou os pais dessa possibilidade e não os encaminhou para realizarem exames que confirmassem de fato a existência da mesma).


                Até o primeiro ano de vida esse bebê tinha sido tratado como um bebê normal: ganhou todos os dengos possíveis de sua família que era bem numerosa e muito afável. A estimulação tão necessária a todas as crianças pequenas, para esse bebê se deu forma natural nos contatos com seus familiares. Essa criança chegou para avaliação (para saber se estava tudo bem, já que tinham descoberto a síndrome) e seu desenvolvimento apresentava-se praticamente como o esperado para sua idade.  


                Ficam alguns questionamentos: quanto das características de um sujeito normal são podadas a partir do momento em que se descobre que por trás tem uma deficiência?  quanto das possibilidades de um sujeito vir a conquistar aprendizados significativos em seu meio social são tiradas de si no momento em que é isolado em locais onde convive apenas com quem tem as mesmas dificuldades?


                Todos nós, seres humanos, aprendemos a partir das interações sociais que estabelecemos com nossos pares. Se nossos contatos forem positivos, estimulantes, desafiadores, aprenderemos mais. Mas, se ao invés disso nos contentarmos com o mais fácil, o mais tranquilo, a mesma rotina, teremos grandes chances de ficarmos sempre no mesmo lugar, com as mesmas dificuldades, com as mesmas resistências, com os mesmos problemas.


                Não há nada de errado em querer saber o que um filho tem, por que não está aprendendo, por que está tão diferente dos outros, mas precisamos ter mais cuidado com o que fazemos quando temos a confirmação de um diagnóstico para que a vida de um sujeito não se encerre por ali.


Laura Cristina Nardi Callegari


Psicopedagoga







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