A adoção pelo
coração!
A adoção sempre foi um tema que
me chamou atenção por tudo o que se fala a respeito e que muitas vezes não
condiz com a realidade de fato. Já fui professora de crianças que foram
acolhidas por famílias adotivas e conheci duas situações: a daquelas que sabiam
da sua verdadeira história de vida e também de outras que não sabiam.
E entre essas vivências fui
aprendendo e comprovando na prática que todos nós temos direito a conhecer
nossa origem, mesmo que a realidade seja mais dura do que gostaríamos que
fosse. Também aprendi que não necessariamente uma criança adotada vai ser
revoltada (e essa é uma ideia do senso comum). A forma como ela vai se
desenvolvendo e a personalidade que ela irá construindo vai depender muito da
maneira como for educada.
Já conversei com alguns pais de
crianças adotivas, os quais não queriam contar a verdade ao filho com receio de
que quando fosse maior esse filho os rejeitasse e escolhesse os pais biológicos
para poderem conviver. Será possível isso? E todo o vínculo criado durante anos
de cuidados, proteção, carinho, educação?
Outro preconceito que percebo, em
muitos casos, com relação ao filho adotivo, tanto por parte dos pais que o
adotam quanto pela sociedade em geral, refere-se ao sentimento de pena para com
eles, como se os mesmos precisassem ser recompensados de alguma forma por terem
sido rejeitados em um primeiro momento.
Aí acompanhamos alguns casos de falta de
limites, falta de respeito com os pais pois a esses filhos tudo é permitido. Não
existem privações, sendo que a frustração (o não poder ter tudo na hora em que
se deseja) é totalmente necessária para a construção de um desenvolvimento
infantil saudável.
Mas pensem comigo: quantas não
são as crianças que nascem e que não são bem vindas por suas famílias? (sim,
bem sabemos que muitas crianças são geradas meio que sem querer e quando chegam
ao mundo não são acolhidas como poderiam). Dessa forma, mesmo que vivam o resto
de suas vidas com a família biológica, se sentirão rejeitadas.
E quantos não são os casais que
querem, desejam de verdade ter um filho e por algum motivo não o podem tê-lo e
através da adoção conseguem realizar esse sonho? Geralmente são casais que se
preparam para serem pais, que se organizam para tal e quando a criança chega,
sentem-se em condições emocionais para recebê-la. Como vocês acham que se sente
uma criança que sai de uma situação de rejeição (quando é negada pela família
biológica) para chegar a uma família que a espera ansiosa para poder lhe
ofertar afeto, amparo, educação? Com certeza, se sente no mínimo feliz.
Também já escutei de alguns pais
adotivos uma certa preocupação com relação a herança genética deixada pelos
pais biológicos da criança, no que diz respeito a formação do caráter e da
personalidade. Pesquisas científicas comprovam que o meio ambiente tem muito
mais força do que a genética e isso quer dizer que a propensão dessa criança
adotada desenvolver uma patologia vai depender muito mais dos estímulos
ambientais recebidos no seu cotidiano familiar do que com a própria genética.
Penso que isso tudo, sejam boas
notícias, pois ter a certeza de que nada está totalmente dado com o nascimento
e ter a possibilidade de mudar de rumo é algo inacreditavelmente lindo.
Laura Cristina Nardi Callegari
Pedagoga, Psicopedagoga, Mestre em Educação
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