ATENÇÃO COM OS
EXCESSOS!
Não
é novidade para ninguém que tudo o que utilizamos em excesso é prejudicial.
Beber um pouquinho em eventos sociais, tudo bem. Ingerir bebida alcoólica todos
os dias é excesso. Comer um delicioso churrasco com um pouquinho daquela
gordurinha que dá aquele sabor especial, de vez em quando, tudo bem. Alimentar-se
diariamente com pratos muito calóricos é excesso e logo, logo, nossa saúde
pagará o preço disso.
Sou
fã da internet em função de todas as facilidades e novas possibilidades que ela
é capaz de nos proporcionar: conversar com maior frequência com pessoas que
estão distantes, encontrar pessoas que há muito tempo não encontramos, preparar
uma aula diferente com recursos tecnológicos disponibilizados na rede, etc.
Não tenho dúvidas de que a internet veio para
ajudar. Porém, como tudo na vida, a utilização da internet deve ser dosada,
comedida, principalmente em se tratando de crianças. Sabe-se que hoje em dia
muitas crianças passam boa parte do tempo que estão em casa, em frente ao
computador, jogando vídeo game e acessando os mais diversos sites.
Em
recente entrevista concedida ao Jornal Zero Hora a Neurocientista britânica
Susan Greenfield afirmou que “internet em excesso pode fazer o cérebro
regredir”. Ressaltou também que o cérebro de uma criança e de um adolescente
são muito sensíveis e por isso se tornam vulneráveis ao ambiente externo.
Susan
ainda relatou que uma criança ou adolescente que ficam expostos por muito tempo
a jogos podem ser acometidos pela supressão neurastênica (debilidade) de uma
parte do cérebro que ainda está em desenvolvimento. “A consequência principal
seria uma espécie de síndrome da falta de atenção. O sintoma mais comum é não
ser capaz de se concentrar em uma coisa só e não ser capaz de viver no aqui e
agora” (ZH).
Após
ler essas colocações, lembrei-me dos inúmeros casos de crianças que estão
recebendo o famoso diagnóstico de “hiperatividade e déficit de atenção” e sendo
medicadas com uma química que as coloca à força em posição de quietude e
prontidão.
Talvez
poderíamos pensar que, quando falha a palavra adulta que diz o que pode e o que
não pode e que desta forma dá um direcionamento a um pequeno ser que não vem
pronto e precisa sim que lhes digam como as coisas funcionam; que quando falta
a presença de um adulto que está disposto a servir como modelo, mostrando a
criança que na vida há tempo para tudo inclusive para “estar junto” de quem se
ama, então a “ritalina” seria necessária?
Essas
não são afirmações. São apenas indagações para que juntos possamos atentar para
o que está sendo imposto de certa forma em nossa sociedade atual. Não podemos
aceitar a tudo de forma acrítica. Não podemos cruzar os braços diante de uma
realidade que não é natural. Natural é uma criança poder brincar e ser feliz em
companhia das pessoas que ama e não ser rotulada como portadora de uma doença
da qual somente um remédio poderá ajudá-la.
Faço
então um convite: vamos repensar em nosso dia a dia e verificar onde estão
nossos excessos. Vamos analisar com atenção por quanto tempo nossas crianças
estão sendo deixadas em frente ao computador, sem orientação, sem
direcionamento. Vamos cuidar para que menos crianças precisem apresentar
sintomas de “desatenção”. Vamos criar seres humanos mais inteligentes, conscientes,
felizes e seguros.
Laura Cristina Nardi Callegari
Psicopedagoga
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