Criança estressada?
Capa
da revista ISTOÉ dessa semana, o tema vem despertando interesse em
pesquisadores da área da neurociência e comportamento. O motivo disso tudo: um
grande número de crianças apresentando sintomas de um mal que até pouco tempo
atrás pertencia apenas ao universo adulto. Aqui vamos abordar um pouco dos
possíveis porquês de uma criança não poder gozar de uma infância saudável e
feliz.
Em
pesquisa desenvolvida com crianças de 7 a 12 anos de idade pela International
Stress Management Association do Brasil concluiu-se “que oito a cada dez casos
em que os pais buscam ajuda profissional para seus filhos por causa de
alterações de comportamento têm sua origem no estresse”. Nesse estudo são
elencadas por ordem de relevância as causas do estresse infantil, os quais seguem:
crítica e a desaprovação dos pais; excesso de atividades; o bullying e os
conflitos familiares.
Trazendo
a pesquisa para a minha área de atuação, cabe dizer que nós educadores bem
sabemos que a infância é o momento da criança experimentar, através da
brincadeira, do lúdico, suas primeiras aprendizagens. Momento de criar,
inventar, descobrir como as coisas funcionam, errar bastante para depois tentar
acertar. Mas isso só é possível se a criança tiver tempo para ser criança, ou
melhor, se sua família lhe permitir isso.
O
que temos observado em muitos casos é que na ânsia de querer preparar seus
filhos para o competitivo mercado de trabalho, alguns pais têm exagerado nas
cobranças direcionadas aos pequenos. Pequenos esses que acabam tendo que lidar
com situações do mundo adulto, sem ter condições neurológicas e emocionais para
dar conta do recado.
Crianças
hiperestimuladas sem tempo para brincar livremente, pois suas agendas nãos as
permitem: inglês, natação, informática, balé, escola, etc. Não satisfeitos
alguns pais ainda exigem que sejam exímias em todas as áreas nas quais estão
tendo atividades (não basta participar, tem que ser o melhor em tudo). Então
está feito o desastre. O que era para ser bom se transforma em um monstro que a
criança não consegue domar e tão precocemente necessitará da ajuda de
profissionais.
Vejam
o que somos capazes de fazer quando agimos sem muito pensar nas consequências. É
claro que nem um pai e nem um mãe quer o pior para seus filhos (é exatamente o
contrário). Mas em se tratando de crianças, precisamos ter consciência de que
são pequenas no tamanho e também são pequenas na sua maturação como um todo,
logo não podem ter exigências e atividades que pertençam aos adultos.
E
para finalizar a nossa reflexão e para que também isso nos ajude a tomarmos
decisões um pouco mais ponderadas e equilibradas (pois sempre o equilíbrio deve
prevalecer) gostaria apenas de lembrar que o mercado de trabalho atual
necessita muito mais de pessoas felizes, pessoas com capacidade de transformar os
momentos de crise em momentos de produção criativa, pessoas com espírito de
liderança e que consigam trabalhar em equipe.
Posso
lhes afirmar que essas características todas podem ser muito bem trabalhadas,
no brincar, desde a mais tenra idade, sempre respeitando a individualidade de
cada criança, sendo que cada uma vai respondendo aos estímulos positivos que
for tento a partir das suas condições, a partir da sua realidade. E para saber
se o que estamos oferecendo está na medida certa para a criança, basta
observá-la: se ela está feliz é porque é por aí mesmo o caminho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário